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Igreja Evangélica do Centro (IECLB)

Profundamente arraigada na vida dos imigrantes, a fé foi uma bagagem essencial trazida da Europa e um alicerce na construção de Nova Petrópolis. Majoritariamente luteranos, os colonos também contavam com uma minoria católica, reflexo das diferentes ondas migratórias. Por isso, ao lado das casas e lavouras, a primeira grande preocupação coletiva era sempre a mesma: erguer suas igrejas, capelas e cemitérios.

Inicialmente, as distintas doutrinas criaram barreiras, e a convivência entre católicos e protestantes era marcada por desconfiança, especialmente quando se tratava de matrimônios mistos. Os protestantes enfrentaram um obstáculo adicional: por sua fé não ser uma religião oficial do Império, não podiam solicitar formalmente um pastor. A solução da comunidade de Nova Petrópolis foi engenhosa e demonstrou sua devoção: elegeram um dos seus, o Pastor Weber, para guiá-los espiritualmente.

O tempo trouxe mudanças e o protestantismo ganhou seu espaço. Com isso, a comunidade pôde finalmente receber um pastor ordenado, o reverenciado Pastor Hunsche. Foi sob sua liderança que, em 1905, a imponente igreja luterana da Comunidade Evangélica Trindade foi edificada pelo construtor Lourenço Dala Barba. A transição, no entanto, não foi pacífica. A substituição de Weber por Hunsche gerou uma cisão, dividindo a comunidade luterana em dois grupos.

Décadas mais tarde, o forte espírito cooperativista falou mais alto. A década de 1960 testemunhou uma notável reaproximação, culminando em 1964 com o primeiro culto ecumênico do município. Esse gesto pioneiro de união entre católicos e protestantes abriu um novo capítulo na história da fé local. Hoje, o legado desse evento vive no trabalho de uma equipe ecumênica e é simbolizado pela charmosa capela ecumênica no coração do Parque Aldeia do Imigrante.

A história da fé na cidade também está ligada à icônica casa enxaimel na esquina em frente à igreja. Conhecida como Casa Comercial de Christiano Spier Filho desde 1917, a construção funcionava como um anexo social da igreja. Famílias de localidades distantes, que vinham para casamentos ou outras celebrações, encontravam ali um lugar seguro para deixar seus cavalos e pertences. A conexão era tão forte que os proprietários da casa assumiram a tarefa de tocar os sinos da igreja por 45 anos. Essa tradição secular permanece: as badaladas diárias ainda marcam o tempo, anunciam eventos e relembram a rotina que orientou a vida dos pioneiros.

Essa herança de fé e comunidade continua vibrante no interior, especialmente durante o Kerb, a tradicional festa religiosa em honra ao santo padroeiro de cada localidade. Missas solenes, bailes germânicos e o festivo desfile do Bierwagen (carro de chope) mantêm a cultura viva. A música sacra também floresceu, dando origem a mais de 40 grupos de corais. Com mais de 12 igrejas históricas espalhadas por seu território, Nova Petrópolis demonstra que a fé dos seus antepassados não é apenas uma memória, mas uma força presente e atuante.

Relato de Albino Kopper

“(...) Antigamente era assim com o Kerb. Então os músicos tinham que ficar na frente da igreja, terminava o culto, os músicos tinham que tocar. Normalmente o salão de baile ficava perto da igreja (...) Então tocavam e depois havia almoço (...). De tarde, às 13:30, começava o baile”. (DEPPE et al. 1998, p. 173)

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